Parto
Nas semanas antes do parto o piolhito número um esteve vàrios dias com 40 de febre, vómitos, a pedir muito colo e a acordar vàrias vezes de noite; Eu fiquei também constipada o que deu que com o nariz entupido mal conseguia dormir.
Passei uma noite com contracções, mas não eram dolorosas. Nos dias seguintes senti-me muito cansada e o piolhito número um pedia ainda mais atenção...
Sábado trinta de dezembro, sinto-me exausta, passo a tarde na cama sem conseguir dormir; Noto que tenho umas mini perdas de sangue vivo que aumentam passando a "clara de ovo" misturada de sangue escuro... ligamos ao gino que me recebe de imediato (por volta das dez da noite); recomenda repouso absoluto e ultrogestan;
Voltamos para casa e tomo os comprimidos, deito-me mas não consigo dormir, começo a ter contracções dolorosas, ligamos para as urgências por volta das três e meia da manhã, e dizem que passe por lá para me observarem;
O piolhico número um dorme, a sogra tem a filha deficiente em casa e não quero incomodà-las aquela hora, digo ao Papà que vou ao hospital no meu carro e que ele fique com o piolhico; Não me deixou pegar no carro e chamou um taxi que em três segundos estava à porta, no hospital uma enfermeira estava à minha espera com uma cadeira de rodas, pago ao Sr do taxi depois de resistir a uma contracção dolorosa e sento-me na cadeira de rodas, sentindo-me ridícula pois conseguia andar... levam-me para uma salinha onde a médica de serviço me observa e diz que já tenho dilatação!, colocam-me atraves de cateter um calmante para as contracções que após uma hora nada fez, dão-me uma injecção para os pulmões do bébé, pelo sim pelo não;
As contracções dolorosas aumentam, dão-me um anti-dor que também não resulta; observa de novo o colo que continua a abrir...
Entretanto vou falando sempre com o maridão pelo telefone, e digo-lhe que não se preocupe...
Levam-me para outra sala e de um segundo a outro vêm que tenho de ser transferida para um hospital ( 30km) onde têm as gràvidas que correm risco de parto prematuro, e os bébés prematuros;
A enfermeira chefe que já na altura do nascimento do piolhico número um foi muito simpàtica comigo, reconheceu-me e diz-me que vão chamar a ambulância para me transferirem de hospital, e quase no mesmo momento volta a dizer-me que afinal a ambulância vai vir para levar o bébé pois o trabalho de parto está muito avançado...
Vejo a agitação das enfermeiras que me perguntam vàrias vezes se não quero que telefonem ao Papà para ir ter comigo; ora eu sabendo que o piolhito dorme respondo que não, pois prefiro que o piolhito não seja acordado de sobressalto...
Sou rapada com urgência e rapidez, pergunto se não levo epidural ao que a enfermeira responde com compaixão que não dà tempo, depois tudo é super ràpido...
As contracções são super dolorosas, o gino chega, a bolsa rebenta de surpresa e começo com vontade de fazer força, doi muito, grito, as parteiras seguram-me nas mãos como conforto e incentivam-me a fazer força, doi, grito, respiro, e numa respiração/grito faço força e nasce o piolhito número dois;
A enfermeira diz-me para olhar para ele e ajuda a levantar-me a cabeça, vejo o meu bébé na mão do gino de costas para cima e começa espontaneamente a chorar, levam-no para a sala ao lado e oiço-o chorar o que me surpreende pela sua força; O gino diz que me cortou um bocado para não existirem pressões na cabeça do bébé, digo que não quero ser cozida, que detesto agulhas, a resposta é um: "tem de ser", pergunto se me dão anestesia e dizem que sim para grande alívio; sinto as picadinhas da anestesia e depois pouco se sente;
Peço que me deixem ver o meu bébé chorão antes de o transferirem; trazem-no já dentro da encubadora de transporte, lindo e calmo; "Temos de ir" diz o especialista que veio buscà-lo e saiem.
É um bébé bonito, rosadinho e sinto-o forte!
Telefono ao Papà que fica parvo e perturbado com tudo o que se passou, a última vez que lhe tinha falado dizia-lhe que estava calma, no telefonema seguinte que o bébé já tinha nascido...
Nasceu às 28 semanas , às 7h 34m com 39cm e 1.450g.
Não estou preparada para o pior, se vier a acontecer, mesmo sabendo os elevados riscos que corre um bébé assim tão pequeno e fràgil; Quero dar toda a força ao meu filhote e levà-lo desde que possível para a nossa casa!
O Papà vem buscar-me ao hospital e fomos directamente ao outro hospital ver o nosso bébé;
Vimo-lo lindo e com uma pele tão suave ao toque que não existem palavras para bem descrever...
Como impossível é descrever tudo o resto...
Relato escrito no dia seguinte ao seu nascimento.
(Fotos tiradas com o telemovel três dias após o nascimento)
